[Crítica] Ressuscitando o vampiro em Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes
Lançada sem muita cerimônia, a série norueguesa Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes é uma jóia estranha e sangrenta no catálogo da Netflix. E seu tom é o que a mais faz brilhar.
Live Hallangen (Kathrine Thorborg Johansen) é encontrada morta num campo da pequena cidade de Skarnes. Isso é uma surpresa até para a polícia, já que “ninguém morre em Skarnes”. Os policiais chamam a companhia funerária da cidade - administrada pela família Hallangen. Assim, o próprio pai e irmão de Live levam seu corpo ao hospital para que uma autópsia seja realizada, apenas para a jovem ressuscitar na mesa de cirurgia. E ela volta com sede de sangue.
A série possui temas também tratados em Céu Vermelho-Sangue (2021), uma outra obra semelhante que o Netflix disponibilizou esse ano: mães vampiras e um novo olhar sobre o gênero. Já em Post Mortem, o seriado nos traz uma reimaginação curiosa e divertida do vampiro. Live, nossa vampira residente não tem seu rosto transfigurado quando ataca suas vítimas, mas a série não é menos gory por isso (o que eu aprecio). E, apesar de Live possuir habilidades especiais que eu gostaria que fossem aprofundadas, acabo perdoando o seriado, pois o ponto forte da obra é seu tom.
Post Mortem sabe mesclar o seu drama com um humor ácido tão divertido que você se pega gargalhando apenas momentos depois de alguém cometer um ato... questionável, para dizer o mínimo. A série perfeitamente equilibra esses momentos (a última série que lembro ter feito isso de maneira tão bem-sucedida e original é Search Party). Enquanto Live sofre para entender o que aconteceu com ela e controlar seus novos impulsos, seu irmão tem seus próprios problemas para resolver: a funerária da família está indo à falência. Mais mundano, porém não menos indutor de ansiedade e medo. O drama familiar e o horror se complementam, com momentos cômicos e emotivos que te surpreendem de forma original e muito bem-vinda.
A série coloca Live numa sequência de situações traumáticas sem respostas fáceis ou decisões simples disponíveis e a personagem se torna uma protagonista fascinante de acompanhar ao longo dos seis episódios. Kathrine Thorborg Johansen traz profundidade e carisma para a personagem e a história encontra uma base sólida em sua atuação desde o primeiro episódio. O talento de Johansen dá oportunidade para a série continuar a história de Live em futuras temporadas.
Espero que Post Mortem possa seguir os passos de sua protagonista e ressuscitar em uma segunda temporada.
POST MORTEM: NINGUÉM MORRE EM SKARNES
NORUEGA | 2021 | 45 minutos
Direção: Harald Zwart e Petter Holmsen
Roteiro: Petter Holmsen, Sofia Lersol Lund e Øyvind Rune Stålen
Elenco: Kathrine Thorborg Johansen, Elias Holmen Sørensen, André Sørum
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